O novo é assustador e fascinante, ele é. O sorriso nunca visto, o perfume nunca sentido, o olhar nunca cruzado antes. E mais que a própria beleza, me encanta a possibilidade da conquista, o flerte calmo dos bancos de praça ante a pressa dos que procuram um amor. A calma traz a precisão das escolhas a dedo, a pressa, apressa o erro. Ajo assim, pois não nasci para a fome branda, para o frio calmo, para a embriaguez falsa. Eu vim em busca do acaso, daqueles que me farão sentir. Banalidades sentimentais me entediam tanto quanto a televisão. Desprezo aquilo que se vai sem me marcar, que seja por dor, por fascínio, por latrocínio. O fato é que odeio me esquecer das pessoas, e amo sentir porque me prova que estou vivo, que não ando pelas ruas sem razão. Todavia, como tudo que é verdadeiramente gratificante essa escolha tem lá suas lâminas. E por isso é importante saber destilar uma dor em passos elegantes e sorrisos novos. Saber refinar os sentimentos com calma até que se possa, sem compaixão ou pudor, rasgar cada aposta e cada coração. Não por maldade, por lealdade. Por isso se faz tão primordial que se saiba ignorar com garbo, observar com interesse, sorrir com paixão. Deixar a pretensão exagerada para os que pensam conhecer, para aqueles que se presumem leitores dos passos alheios e simplesmente viver a sina de desejos instantâneos e amores eternos. A escolha é dolorosa, bem como o caminho. Entretanto, meu leitor, dor e delícia estarão sempre mais perto dos que, de fato, escolheram viver.
Nenhum comentário:
Postar um comentário