O novo é assustador e fascinante, ele é. O sorriso nunca visto, o perfume nunca sentido, o olhar nunca cruzado antes. E mais que a própria beleza, me encanta a possibilidade da conquista, o flerte calmo dos bancos de praça ante a pressa dos que procuram um amor. A calma traz a precisão das escolhas a dedo, a pressa, apressa o erro. Ajo assim, pois não nasci para a fome branda, para o frio calmo, para a embriaguez falsa. Eu vim em busca do acaso, daqueles que me farão sentir. Banalidades sentimentais me entediam tanto quanto a televisão. Desprezo aquilo que se vai sem me marcar, que seja por dor, por fascínio, por latrocínio. O fato é que odeio me esquecer das pessoas, e amo sentir porque me prova que estou vivo, que não ando pelas ruas sem razão. Todavia, como tudo que é verdadeiramente gratificante essa escolha tem lá suas lâminas. E por isso é importante saber destilar uma dor em passos elegantes e sorrisos novos. Saber refinar os sentimentos com calma até que se possa, sem compaixão ou pudor, rasgar cada aposta e cada coração. Não por maldade, por lealdade. Por isso se faz tão primordial que se saiba ignorar com garbo, observar com interesse, sorrir com paixão. Deixar a pretensão exagerada para os que pensam conhecer, para aqueles que se presumem leitores dos passos alheios e simplesmente viver a sina de desejos instantâneos e amores eternos. A escolha é dolorosa, bem como o caminho. Entretanto, meu leitor, dor e delícia estarão sempre mais perto dos que, de fato, escolheram viver.
Destilo aqui a dor, o delírio, a desventura e a delícia dos meus dias em palavras. Destile, você, essas palavras em algo que te compraza.
sábado, 26 de fevereiro de 2011
sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011
Das Primícias.
Sorrir como nunca sorri antes. Essa é minha nova tarefa. Porque nem sempre a vida nos dá a carta que faltava pra fechar o Full House e não é por causa de uma carta que eu vou queimar todas as minhas pontes. Eu cansei de passar a limpo os cadernos de rascunho antes de descartá-los ao lixo, afinal, cadernos de rascunho nasceram para o rascunho, nunca chegarão a Best Sellers. Aprendi que revisar matérias e fotos às quais eu já decorei não me faz saber mais, não traz ninguém de volta à cidade, não esclarece as dúvidas que carrego nem me leva de volta pra casa. Saiba caro leitor, que escrever a lápis é muito mais gentil com a história que se escreve que a sobriedade pretensiosa das canetas Pilot, que não há vergonha em se usar borracha até porque certos capítulos merecem ser decapitados. Saiba que o medo protege e cega, bem como a certeza. Nem sempre voar é mais divertido que tomar um ônibus, porque voar é um solo, e a graça do ônibus mora no inesperado, na intenção dissolvida nos olhos de outro alguém. E eu quero me perder porque a busca não me satisfez, porque as fórmulas todas predeterminadas dos lugares certos não me trouxeram nada que dure mais que um sorriso, porque os meus melhores dias nasceram de um pisão no pé em pleno cinema, do comentário sobre uma camiseta espirituosa ou de um céu nublado no primeiro dia de aula em Aiuruoca. E ontem perguntaram-me como me defino. Um dia me chamaram voluntarioso, pretensioso. Hoje eu posso me ver nesses quadros. Eu sou, sim, caprichoso típico, cheio de vontades e tantas vezes inconseqüente que já me cansei de perder o controle. Eu sou pretensioso, porque anseio um sorriso que nunca foi dado a ninguém, porque tenho a petulância de sempre querer mais do que se mostra disponível. Mas acima de tudo isso, sou voluntarioso e pretensioso porque ouso desejar, porque ouso sorrir, porque ouso a cada dia, desafiar o futuro a me mostrar algo que eu ainda não tenha visto.
Procure, meu leitor, pois numa dessas entrelinhas cabe ajustadamente o seu nome.
Com um sorriso,
O autor.
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